“O campo da Arquivologia desenvolve aparatos teóricos, repertório conceitual e práticas metodológicas próprias.”Entrevista com Esmeralda Sales, professora de Arquivologia na Paraíba.

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A entrevista desta semana é com Esmeralda Sales. Professora de arquivologia na Paraíba, uma das pioneiras da área de arquivo no estado do nordeste brasileiro. Além de ter iniciado o primeiro curso de Arquivologia no estado, do qual foi coordenadora, coordenou importantes eventos que levou conhecimento à toda região brasileira e atualmente estrutura o mais novo arquivo estadual brasileiro, o do Estado da Paraíba.

(Archivoz)  Conta um pouco sobre sua trajetória na Arquivologia da Paraíba. Quem é Esmeralda Porfirio de Sales hoje?

(Esmeralda Sales) Me graduei em Biblioteconomia, pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, e por conta de oportunidades em docuempontais não havia curso de arquivologia, tornei-me Especialista em Organização de Arquivos na 2ª turma, uma pós-graduação ofertada pela UFPB. Além disso, tornei-me Especialista em Direito Administrativo e Gestão Pública e depois Mestra em Ciência da Informação também pela UFPB.

Enquanto aluna do Curso de Especialização em Organização em Arquivos, apresentei uma pesquisa por meio da disciplina Arquivos Permanentes, cuja temática era um paralelo entre o Arquivo Municipal de São Paulo e o Arquivo do Município de João Pessoa. Com o resultado, então, a equipe enfrentou esse desafio de implementar modificações.

Atualmente sou professora Efetiva Mestra, colaboradora de projetos de Ensino Pesquisa, Extensão (PIBIC/CNPq-UEPB, PROBEX e PROPESQ), Vice-Presidente da Associação dos Arquivistas da Paraíba, Membro da Comissão Provisória de criação do Arquivo do Estado da Paraíba, Membro do Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ e Membro do Conselho Universitário, além de Coordenadora Nacional (Brasil) do EBAM – Encontro Latinoamericano de Bibliotecários, Arquivistas e Museólogos 

(Archivoz)  O estado da Paraíba é um dos mais antigos do Brasil, mas só agora foi criado seu arquivo estadual. Conte um pouco como foi essa luta. É difícil convencer os políticos da necessidade de um arquivo para a memória do estado?

(ES)Foi uma trajetória que começou há muito tempo. Em 2011, no I Encontro sobre Gestão de Documentos, lançamos o texto por uma política estadual de arquivos públicos, e então formou-se uma Comissão Provisória de Arquivos Públicos, que elaborou um documento-base. Em 2012 o documento-base foi entregue ao Secretário de Cultura do Estado da Paraíba. Somente em 2015, houve um retorno do documento-base à FCJA – Fundação Casa de José Américo, pedindo sua atualização. Mais um tempo depois, em 2018 no mês de fevereiro que foi criado por ato do governador Ricardo Vieira Coutinho, a Comissão Provisória do Arquivo Público – CPAP. Finalmente em 29 dezembro de 2018 é sancionada a Lei Estadual 11. 263  que Dispõe sobre a criação do Arquivo Público do Estado da Paraíba, do Sistema Estadual de Arquivos e define as diretrizes da Política Estadual de Arquivos Públicos e Privados de interesse social.

(Archivoz) Você, juntamente com o professor Josemar Henrique de Melo recentemente foram nomeados para a gerência do Arquivo Público do Estado da Paraíba. Como será essa parceria?

(ES) Com envolvimento e participação. Tendo em vista sermos professores da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, vinculados ao Curso de Arquivologia e, termos participado da Comissão Provisória de criação do Arquivo Público Estadual da Paraíba, o Governador do Estado solicitou nossa cessão para assumirmos os Cargos de Gerentes Executivos. Teremos um longo trabalho pela frente.

(Archivoz)  Qual a previsão do espaço do arquivo? Onde estão os documentos históricos do estado?

(ES) No momento, ainda não foi definido o espaço físico, para alocar o Arquivo Público do Estado da Paraíba. Há proposta de alguns locais. Em relação aos documentos históricos do estado, parte deles estão sob a custodia do Arquivo Histórico Waldermar Bispo Duarte, o qual é vinculado a Fundação Espaço Cultural.

(Archivoz) Conte como foi a Audiência Pública sobre ” A criação do Arquivo Público Municipal da Cidade de João Pessoa”. Será tão trabalhoso como a criação do arquivo do estado? A capital também possui muita história. Onde está isso hoje?

(ES) Os alunos representantes do Centro Acadêmico do Curso de Arquivologia da UEPB, haviam encaminhado uma Minuta do Projeto de Lei à Câmara Municipal de João Pessoa de Autora da Propositura Vereadora Sandra Marrocos cuja EMENTA: “Dispõe sobre a criação do Arquivo Público Municipal de João Pessoa/PB, define as diretrizes da política municipal de arquivos públicos e privados e cria o Sistema Municipal de Arquivos – SISMARQ”. Então, em 11 de junho de 2019 foi realizada Audiência Pública, com o objetivo de debater “A criação do Arquivo Público Municipal na cidade de João Pessoa/PB. No momento da audiência, foi sugerido a formação de uma Comissão, com a finalidade de fazer os ajustes na Minuta. A sugestão foi acatada e, a Comissão foi formada pelos seguintes membros: Prof. Josemar Henrique de Melo (UEPB), Profa. Julianne Teixeira (UFPB), Aurora Maia (Diretora da Divisão de Arquivo Central da Prefeitura Municipal de João Pessoa e Vitor Hugo Teixeira (Graduando do Curso de Arquivologia – UEPB).  Dessa feita, acredito que o processo de criação da Lei do Arquivo Municipal, será menos trabalhoso. Atualmente, a documentação pertencente ao Município de João Pessoa, encontra-se na Divisão de Arquivo Central. 

(Archivoz)  A UEPB tem uma história importante para a arquivologia do nordeste brasileiro, fale um pouco sobre o curso e como foi a sua criação.

(ES) O curso de graduação em Arquivologia oferecido pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) no Campus V – Ministro Alcides Carneiro integra o Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas – CCBSA, desde 2006. Foi criado a partir do processo de crescimento e expansão da política de Educação do governo estadual e da UEPB. Neste processo de expansão, propor um curso de Arquivologia veio a sanar um déficit na formação de um profissional necessário para apoiar os procedimentos de organização, gestão, preservação e acesso aos documentos das instituições, sejam públicas, seja privada. Nessa perspectiva, o Curso de Arquivologia tem como missão formar profissionais ético e competentes na área da Arquivologia, comprometidos com a transformação e valorização do ser humano para o exercício da cidadania. Embora seja uma área de conhecimento emergente, que se situa na fronteira entre as grandes áreas das Ciências Humanas e das Ciências Sociais Aplicadas, o campo da Arquivologia desenvolve aparatos teóricos, repertório conceitual e práticas metodológicas próprias.

(Archivoz)  Para finalizar: qual o caminho da arquivologia paraibana hoje?

(ES) Na atualidade, a Ciência Arquivística encontra-se em ascensão. Nesse sentido, João Pessoa é a única cidade no Brasil, que tem dois cursos de Bacharelado em Arquivologia, ofertados pelas Universidades Estadual da Paraíba (criado em 2006) e Universidade Federal da Paraíba (criado em 2008). Além disso, a Paraíba já sediou vários eventos na área de Arquivologia tais como: IX Congresso Brasileiro de Arquivologia, I Fórum Paraibano de Arquivologia, I Fórum Internacional de Arquivologia, 3 Encontros Nacionais dos Estudantes de Arquivologia, IV Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia, Seminário de Saberes Arquivísticos e o VIII Congresso Nacional de Arquivologia – CNA.

Fonte: https://www.archivoz.es/pt/o-campo-da-arquivologia-desenvolve-aparatos-teoricos-repertorio-conceitual-e-praticas-metodologicas-proprias-entrevista-com-esmeralda-sales-professora-de-arquivologia-na-paraiba/

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